segunda-feira, 2 de junho de 2014

INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO : pelo direto à diferença

Num momento em que se luta pela universidade pública e pela necessidade de um conhecimento crítico sobre nossa realidade e  aquela da educação  brasileira, a situação abaixo descrita nos convoca à reflexão.
A universidade e sua missão só se realizam na reunião dos diferentes, condição indispensável à construção do   conhecimento que move a descoberta. Com preconceito o debate acadêmico e a compreensão do mundo em que vivemos não se realiza em sua universalidade.
A denuncia no caso abaixo é um dos exemplos do preconceito e da intolerância que,  denigre a cena acadêmica brasileira (e que infelizmente não se reduz a este exemplo e nem a esta disciplina) e que nos convoca ao debate:

" É com muita tristeza e indignação que socializamos com todos/as vocês
síntese do parecer da CAPES relativo ao Projeto "Crise do Capital e Fundo
Público: Implicações para o Trabalho, os Direitos e as Políticas Sociais",
apresentado ao Edital Procad 071/2013. O Projeto envolve a UnB, UERJ e
UFRN, 19 docentes, 09 doutorandos/as, 15 mestrandos/as e 27 graduados/as.
Nossa indignação não se refere à não recomendação em si, mas à
justificativa utilizada pelo parecerista: "Projeto afirma basear-se no
método marxista histórico-dialética. Julgo q a utilização deste método não
garante os requisitos necessários para que se alcance os objetivos do
método científico" (…) "considerando a metodologia a ser empregada - cujos
requisitos científicos não tem unanimidade - a proposta pode ser
considerada pouco relevante" (…) "a formação proposta estaria no âmbito do
método marxista histórico-dialético, cuja contribuição à ciência brasileira
parece duvidosa".
No dia 30 de maio, conforme o Edital, impetramos recurso na plataforma
Sicapes. Contudo, o espaço disponível de apenas 5000 caracteres com espaço
não nos permitiu a exposição de motivos que demonstra, em detalhes, o
caráter anticientífico, sectário e desrespeitoso para com as Ciências
Humanas e Sociais, o projeto e seus autores. Por isso, enviamos um
documento de recurso mais detalhado ao presidente da CAPES. Quem desejar
conhecer o parecer na íntegra e nosso recurso, por favor nos solicite por
email (ivaboschetti@gmail.com ou elan.rosbeh@uol.com.br). A equipe de
docentes do Projeto decidiu denunciar este inaceitável patrulhamento
ideológico e tratamento desrespeitoso a todos que adotam o método crítico
dialético, dentro e fora da nossa área. Não se trata apenas de recusar um
projeto, mas de desqualificar qualquer pesquisa fundada nessa perspectiva,
tratada como não científica e desprovida de mérito técnico científico.Neste
momento, nos importa fundamentalmente denunciar esse impropério e defender
veementemente a pluralidade, liberdade ideopolítica e o respeito ao método
dialético marxista, e a todo seu legado científico, que tanto vem
contribuindo para pensar criticamente a sociedade brasileira, a crise
contemporânea e seus dilemas. Vale registrar, também, que nenhum projeto da
área de Serviço Social foi aprovado neste Edital, e que dos 62 aprovados,
mais de 90% são das áreas de exatas e biomédicas.


Abraços da Equipe de Docentes do Projeto:

Universidade de Brasília - Proponente
Ivanete Salete Boschetti - Coordenadora
Evilásio da Silva Salvador
Rosa Helena Stein
Sandra Oliveira Teixeira
Maria Lúcia Lopes da Silva

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Participante
Elaine Rossetti Behring – Coordenadora
Alba Tereza Barroso de Castro
Marilda Vilella Iamamoto
Maria Inês Souza Bravo
Maurílio de Castro Matos
Mariela Becher
Tainá de Souza Conceição
Juliana Cislaghi Fiúza

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Participante
Rita de Lourdes de Lima – Coordenadora
Silvana Mara de Morais dos Santos
Andreia Lima da Silva
Maria Célia Correia Nicolau
Severina Garcia de Araujo
Ilka de Lima Souza
Miriam de Oliveira Inácio